É importante gostar do pastor?

Conversei hoje com duas irmãs e surgiu a afirmação: “é muito importante gostar do pastor”. Quero falar sobre isso. Começamos com a pergunta: Para que existe um pastor? O apóstolo Paulo nos diz que o pastor foi chamado “com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” (Efésios 4:12).

Obviamente, para fazer isso, é provável que ele tenha que confrontar você na medida que o corrige, disciplina e reprova. Se você não confiar no processo e não se submeter, você vai acabar procurando uma igreja onde o pastor seja mais legal (e sempre existe um pastor mais legal).

Isso cumpre a profecia que Paulo fez quando escreveu a Timóteo: “Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir” (2Timóteo 4:3-4). Ou seja, arranjarão um pastor mais legal.

Apesar disso e sabendo que isso vai acontecer, o pastor inglês Charles Spurgeon dizia aos seus alunos na Escola de Pregadores:

“Irmãos, não omitam nada. Tenham ousadia suficiente para pregar a verdade indigesta e impopular” — ou seja, não se preocupem se as pessoas vão gostar ou não de vocês.

E porquê deve ser assim? Spurgeon diz: “Não somos o caramelo da terra, somos o sal da terra, algo que o mundo tem vontade de cuspir e não de engolir”. Se deve ser assim com todos os crentes, ainda mais com os pastores.

Paul Washer concorda com isso ao dizer que “não somos chamados para sermos aceitos, somos chamados para glorificar a Deus”.

Se eu glorificar a Deus e for aceito, querido e valorizado, ótimo; mas se não, eu não terei dúvida sobre o que escolher.

Falando para pastores, o Pr. David Costa Pereira escreve que “o nosso maior inimigo que nos retira do foco de agradar a Deus com nossa vida integral é o desejo natural de satisfazer o nosso próprio orgulho, nossa vaidade de sermos notados e aplaudidos”.

Não ceder ao desejo de agradar as pessoas é tão importante que Paulo escreve: “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se eu ainda procurasse agradar a homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1:10).

A dicotomia é impressionante: não podemos nos esforçar para agradar às pessoas e ainda servir a Cristo. 

Veja como é sério: Paulo foi acusado de agir para agradar ao gálatas. Ele se defende dizendo que se fizesse isso não seria servo de Cristo.

A versão NTLH traduz assim: “Será que agora estou querendo agradar as pessoas? Se estivesse, eu não seria servo de Cristo”.

Agora, a questão é: se um pastor NÃO PODE buscar agradar as pessoas, será que as pessoas devem buscar um pastor que seja agradável? Pior que isso. Será que elas devem considerar que um pastor legal é crucial para a vida delas com Deus.

Obviamente, não! Quem quer um pastor legalzinho, um “pastor que eu gosto”, não quer ser pastoreado, quer ser bajulado.

Quem quer um “pastor gente boa” apenas quer o conforto de nunca ser contrariado, corrigido, disciplinado ou contrariado.

Ser um “pastor legal” é característica de falsos profetas, de pastores que exploram suas ovelhas com bajulação, deixando-as bem confortáveis ao falar o que elas querem ouvir.

É cada vez mais comum escolher igrejas e pastores como num cardápio: desse não gosto muito, gosto mais desse, às vezes aprecio este.

São como crianças escolhendo o que comer: só querem docinhos e comidinhas gostosas. Muitos crentes são assim, buscam apenas o que GOSTAM e nunca o que PRECISAM.

Aqueles que consideram que “é importante gostar do pastor” normalmente são os mesmos que só comem o que gostam, acham que devem trabalhar com o que amam e reagem a tudo na base do gosto ou não gosto.

Enfim, os pastores deveriam ser escolhidos e valorizados exclusivamente pela sua submissão à Palavra de Deus e seu compromisso em formar Cristo em suas ovelhas, sendo guia e modelo para cada uma delas.

Quem entende isso: 1) escolhe bons pastores; 2) abençoa os seus pastores; 3) mantém-se vigilante para qualquer desvio que possa acontecer, em si mesmo ou no seu pastor.