Roupa nova se usa em Casa

Não é maravilhoso ter condições de comprar um vestido e sapatos novos para ir a um casamento? Quando coloca a roupa nova e se olha no espelho, parece que você é uma nova mulher. Você se sente elegante, chiquérrima, especial. Dá um novo ânimo, pode até mudar seu comportamento porque você sai deslizando, sentindo-se como se estivesse no tapete vermelho. Isso pode ser um exagero; mas, no mínimo, uma roupa nova faz a mulher se sentir alegre. Em geral, colocamos roupa nova para sair de casa, mas hoje vamos pensar na roupa nova que colocamos para permanecer em casa — e também para sair.

Eu fui criada usando apenas minha roupa boa para sair, justamente porque meu guarda-roupa era pobre. Dentro de casa usava roupa velha, desbotada, manchada e, às vezes, até rasgada. Em casa, usava a roupa que não teria coragem de usar na rua. Isso pode até ser prático, mas gostaria de argumentar sobre a importância de usar roupa nova no lar. Só que essa roupa a gente não coloca no corpo e sim na alma. Como é essa roupa? Vamos descobrir nas palavras de Paulo em Colossenses 3.5-17.

Jesus ensinou que o que está dentro de nós é que determina a santidade, não o exterior. Não há um uniforme do crente. Só que Paulo não está falando de uma forma literal, ele está fazendo uma comparação entre ter uma nova vida em Cristo e vestir-se de uma roupa nova. As atitudes da carne são a roupa velha, feia, rasgada. Ou seja, a roupa que vamos tirar são os hábitos velhos que tínhamos, a roupa nova que vamos colocar é a nova vida que é nos dada pela presença do Espírito Santo em nós.

Ao longo deste ano, nós, os Batistas, estamos pensando em santidade. Infelizmente, para muitos, a santidade é que nem roupa chique só é usada em ocasiões especiais. Paulo quer que entendamos que a roupa nova (uma vida de santidade) é para ser usada em todos os lugares, em todas as horas. Nunca devemos tirar a roupa nova da santidade.

De fato, nunca devemos usar a roupa velha (as atitudes da carne) em casa. A roupa nova é que deve ser usada SEMPRE em casa. Não há uma passagem melhor do que Colossenses 3.5-17 para nos ensinar mais sobre relacionamentos em família. Vamos olhar a passagem com cuidado. Primeiro, vamos ver como é a roupa que NUNCA devemos usar em casa (e em lugar algum).

A Batalha Contra a Roupa Velha — Colossenses 3.5

Esta lista de roupa velha é apavorante. Logo, todos vão reconhecer que isto é uma roupa muito usada hoje em dia. Parece que é difícil livrar-se das “inclinações carnais”. Estamos numa guerra, uma batalha terrível contra as forças pecaminosas que destruiriam nossa família.

Paulo disse que devemos matar ou exterminar estas coisas como se fossem um verme. Quando a maioria das mulheres encontram uma barata, elas ficam apavoradas e enojadas. Elas gritam para alguém matar esse bicho horrível. Assim deve ser nossa reação ao encontrar todas as coisas mencionadas por Paulo aqui. Pode ter certeza que enquanto vivemos uma vida imoral, não haverá santidade em família. Paulo dá a sugestão de algumas coisas (quer dizer que a lista não está completa) que precisamos eliminar:

• a imoralidade sexual
• a indecência
• as paixões más
• os maus desejos
• a cobiça, porque a cobiça é um tipo de idolatria.

Que lista! Paulo está nos exortando a matar ou destruir qualquer comportamento que até cheire imoralidade sexual. Não basta tirar esta roupa e colocar no armário para usar outro dia. Essas coisas têm que ser completamente esmagadas que nem a barata que matamos com chinelo e depois jogamos no vaso. Para ser mais prático, vamos pensar em alguns itens de “roupa” incluídos nesta lista:

• sites pornográficos
• revistas, livros eróticos
• novelas e outros programas de TV que são questionáveis
• filmes e vídeos que defendem e mostram imoralidade sexual
• fantasias eróticas
• piadas indecentes

Estamos muito relaxados nessa área. Pode ser que tenhamos medo de sermos acusados de ser moralistas e, então, abrimos mão dos nossos princípios para não sermos vistos como quadrados, velhos ou moralistas. Olhe, devemos aceitar esse tipo de crítica como um elogio porque temos que fazer TUDO para proteger nossa família e nossa própria vida de qualquer coisa que nos levará a um PENSAMENTO ou comportamento imoral.

Como Jó, precisamos fazer um pacto com Deus de evitar até olhar a roupa velha, muito menos vesti-la! (“Fiz pacto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?” Jó 31.1). Nunca podemos descansar na batalha contra a imoralidade.

No fundo, todos os comportamentos mencionados no versículo 5 são exemplos de idolatria, porque com tal comportamento imoral estamos colocando nossos desejos como nosso deus. É culto ao altar de si mesmo: o que eu quero para mim é mais importante que os mandamentos de Deus. Eu, eu, eu! Esta batalha contra o “EU” é difícil, e se perdermos, perderemos a santidade em família!

Do mesmo modo que temos que ter todo o cuidado ao usar uma roupa branca (não deixar comida cair, não sentar em lugares sujos, etc.), nós temos que vigiar tudo ao nosso redor para não sujar a roupa nova que ganhamos de Jesus Cristo. A roupa velha é só imoralidade sexual? Claro que não! Quais são as outras peças e roupas sujas em nosso armário?

Outras roupas velhas que devem ser eliminadas— Colossenses 3.8-9a

PALAVRAS ÍMPIAS — Não é apenas o comportamento sexual que compromete a santidade da família, mas nosso jeito de falar também cobre nossa família com uma nuvem negra de impiedade. Coisas como: palavras faladas com raiva, que destroem o autoconceito dos filhos, do marido, dos irmãos. Palavras como “Você é um inútil, seu idiota”. “Você não acerta nada”. Nunca enfiaríamos uma faca afiada no coração do nosso marido ou dos nossos filhos, mas com as nossas palavras fazemos exatamente isso.

• Provérbios 12.18: “As palavras do falador ferem como pontas de espada, mas as palavras do sábio podem curar.”
• Provérbios 18.21: “O que você diz pode salvar ou destruir uma vida, portanto, use bem as suas palavras e você será recompensado.”

IRA — Isso não é aquela raiva passageira que sentimos às vezes, mas o fogo que queima devagar e incessantemente. É o sentimento que é nutrido dentro do nosso ser e que faz com que fiquemos indispostos, gerando um desejo doentio de vingança. Guardamos rancor, e no momento propício, as palavras amargas saem da nossa boca expressando nossa ira.

INDIGNAÇÃO — Enquanto a ira é lenta, a indignação é ativa e intensa. Quem está irado pode manter-se em silêncio, a indignação é pura paixão. A ira é panela de água fervente, mas a indignação é panela entornando água fervente. O resultado dessa roupa velha são as palavras faladas com ódio.

MALDADE — A malícia é a disposição de fazer tudo o que é necessário para ferir o outro. Quando chega a este nível, significa que já ultrapassou os limites da decência.

MALEDICÊNCIA — Outra palavra para descrever este vício é blasfêmia, que é destruir a imagem do outro através da nossa fala. A maledicência mata a reputação do outro. Davi deu este conselho: “Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca, vigia a porta de meus lábios” (Salmo 141.3).

LINGUAGEM INDECENTE — Isso é simplesmente o uso de uma linguagem questionável, de mau gosto, palavras de baixo calão. É pecar com os lábios. Quantos casais não acabam usando uma linguagem assim quando começam a brigar, mesmo não usando tais palavras no dia a dia?

MENTIRAS — A palavra significa mais do que dizer o que não é verdade, trata-se da intenção de enganar ou ludibriar. Você escolheu falar falsamente para que você possa encobrir a verdade. A coisa realmente triste aqui é que pela maneira como Paulo descreveu isso, dá a entender que essa era uma prática comum. Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Eu sei que vocês estão mentindo e vocês devem parar com isso agora mesmo!”. 

Não é apenas esconder a verdade ou falar uma mentira enorme, mas são os pequenos exageros e histórias que contamos para fazer com que pareçamos melhores ou mais importantes do que somos.

Nossas mentiras, nossa calúnia, nossas palavras sujas em família não são inocentes. Essas coisas vêm das profundezas do inferno. MUDE seu jeito de falar em família. Como deve ser? Paulo explica:

Olhando para a Roupa Nova — Colossenses 3.9b-10

Até aqui Paulo está nos exortando a tirar a roupa velha, mas agora ele está nos ensinando sobre a roupa nova. Recebemos a roupa nova quando morremos para a velha vida e recebemos Cristo. Devemos nos concentrar mais na roupa nova do que na roupa velha!

Um piloto contou, certa vez, que ao ensinar novos pilotos, uma das lições mais difíceis de ensinar sobre a aterrissagem em pistas perigosas é manter os olhos na parte boa da pista, porque a tendência natural é concentrar-se no obstáculo, no perigo, na coisa que temos que evitar. Sabemos que um piloto que mantém seus olhos sobre o perigo, mais cedo ou mais tarde vai bater, vai cometer um grave erro.

Por isso temos que destruir as roupas velhas e não ficar olhando para elas. Em vez de nos concentrar nos pecados que queremos evitar vamos olhar o que devemos fazer. Paulo disse: “Pensai nas coisas lá do alto não nas que são da terra” (Colossenses 3.2). Devemos descartar velhas formas de viver e de agir e usar a nova roupa de Cristo.

Entenderam? Sejam renovados pela mente de Cristo. Troquem a roupa do pecado pela santidade de Deus. Lutem por isso. Acordem de manhã e peçam a Deus que coloque a roupa de santidade no seu corpo e na sua mente. Briguem, lutem o dia inteiro para ser uma nova criatura. Não há como descansar na batalha pela santidade.

Vestindo a Nova Roupa

Qual o retrato de santidade que Paulo descreve? Podemos ler em Colossenses 3.12-17. Nesse texto vemos como é a roupa da santidade. Veja as peças principais mencionadas:

CORAÇÃO COMPASSIVO — Isso é amor. Jesus será visto em sua família quando houver amor em ação e não apenas o sentimento. Porque o amor é uma decisão, um ato escolhido.

BENIGNIDADE OU BONDADE — uma atitude que nunca procura vingança nem luta de forma desleal. “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios” (Romanos 12.10).

HUMILDADE — As necessidades dos outros vêm em primeiro lugar porque não precisamos provar que temos razão. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente, considerem os outros superiores a si mesmos” (Filipenses 2.3).

MANSIDÃO — Isso é exatamente o oposto de ser belicoso. Agindo com mansidão, a pessoa não vê motivo de briga em cada palavra e atitude dos outros.

LONGANIMIDADE — Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros (mesmo se o outro não merece). Quando um não quer, dois não brigam.

Basicamente, há duas formas de responder às mágoas da vida. A primeira e mais natural resposta é se tornar um “cobrador de dívidas”. Aguardamos o momento certo para exigir o pagamento da pessoa que nos magoou. A mágoa é a dívida cujo pagamento cobramos com juros e correção monetária. Este é o caminho do ressentimento e da retaliação.

O problema é que ser um cobrador de dívidas faz com que o devedor e o cobrador sofram do mesmo jeito. Há, porém, outra solução que é a que Deus nos oferece: Ele nos chama para a poderosa escolha do perdão e de prosseguir, sempre que possível, na trilha da restauração e da reconciliação.

Esta roupa nova é bem bonita, não acha? Poderíamos dizer que esta roupa nova é a roupa do amor, como lemos no versículo 14: “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor que é o elo perfeito”.

Conclusão 

Continuando em Colossenses 3.15-17, o que mais descobrimos sobre a roupa da santidade?

• A paz de Cristo domine os nossos corações — à medida do possível, devemos viver em paz. Vamos colocar uma guarda na boca para não falar palavras que tirem a paz do lar, da família.
• Sede agradecidos — não esqueça de agradecer os membros da família até sobre as pequenas coisas. E mais do que falar tenha um coração agradecido, não um espírito de cobrador de contas atrasadas.
• A palavra de Cristo habite em vós ricamente — para a palavra habitar em nós, ela tem que ser conhecida. Estude a Bíblia, converse sobre a Bíblia e viva suas verdades.
• Louvando a Deus com gratidão em vossos corações — mesmo se os outros membros da família não vivem em amor paz e bondade, não deixe isso tirar o louvor da sua boca.

É duro, mas temos que perguntar: Se você não pode viver com Jesus e para Jesus em sua família, para que serve o nome de cristão? Em sua soberania, Deus deu a você uma família. Então, “tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus”.

Em sua casa, em seu lar, toda a sua roupa deve ser de amor. Todas as suas palavras e ações devem ser feitas em nome de Jesus. É difícil? É uma batalha? Sim, é um trabalho para a vida inteira. Mas é o nosso propósito, é o nosso trabalho.

É uma batalha entre o céu e o inferno. A glória de Deus não se manifesta se não vivemos com Jesus em nossa família.

Que nossos lares e nossas famílias possam ser lugares onde a luz de Deus resplandeça para que o nosso Pai seja glorificado. Não guarde sua roupa nova e bonita só para usar no domingo na igreja. Use-a também em sua casa, em todo lugar.

ESSE ARTIGO FOI ESCRITO POR Peggy Smith Fonseca. Ela é formada em Educação Cristã pelo Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky, EUA. Ela foi missionária da Junta Internacional de Missões em países como a Coréia do Sul (1974-76), Brasil (1983-92) e Canadá (2001-2006). Peggy também é esposa do Pr. João Soares da Fonseca, que foi pastor da PIB-RJ de 2006 a 2022.